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30 agosto 2024

O Porto d’Abrigo do Zoomarine, em colaboração com várias entidades, concluiu com sucesso mais uma importante missão de conservação: a devolução ao mar de quatro tartarugas marinhas que passaram por um longo processo de reabilitação. Esta ação ocorreu no dia 26 de julho, a partir do Cais Comercial de Faro, com o apoio da Marinha Portuguesa, a bordo do NRP Cassiopeia.

As tartarugas, três da espécie Caretta caretta (vulgarmente conhecida como tartaruga-comum) e uma da espécie Chelonia mydas (tartaruga-verde), enfrentaram desafios críticos antes de chegarem ao centro de reabilitação do Zoomarine. Cada uma tem uma história de sobrevivência única, e a sua recuperação é um testemunho do esforço contínuo pela preservação das espécies marinhas.

Histórias de Reabilitação:

  • Voldetort, uma juvenil da espécie Caretta caretta, foi resgatada a 12 de fevereiro na Praia do Carvalhal, em Grândola, com lesões graves, desidratação e sinais de anemia. Após semanas de tratamento intensivo, incluindo oxigenoterapia, Voldetort recuperou a saúde e foi considerada apta para retornar ao seu habitat natural.
  • Valhalla, também uma juvenil da mesma espécie, foi resgatada ao largo de Sesimbra a 7 de abril, apresentando problemas de flutuabilidade e presença de plásticos no sistema digestivo. Após expelir os plásticos e receber tratamento adequado, Valhalla recuperou e foi equipada com um transmissor inovador na carapaça, desenvolvido para acoplar em tartarugas juvenis pequenas. É o primeiro do género, e como tal, esteve presente um especialista do Instituto de Ciências Marinhas (OKEANOS) do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, Frédéric Vandeperre e também um investigador da Upwell Turtles, uma organização sem fins lucrativos para a conservação de tartarugas marinhas, baseada na California, USA, George Shillinger. O transmissor irá permitir seguir o percurso da tartaruga juvenil, podendo fornecer dados extremamente importantes acerca dos seus comportamentos e rotas. A maioria dos dados existentes são de transmissores colocados em animais adultos, pelo que o estudo de tartarugas juvenis virá enriquecer a investigação.
  • Vaiana, também da mesma espécie, está no início da sua fase adulta, foi encontrada ao largo de Albufeira a 11 de maio, por investigadores afetos à AIMM Portugal – Associação para a Investigação do Meio Marinho, com dificuldades de mergulho devido a uma infeção pulmonar e desidratação grave. Com tratamentos adequados, incluindo antibióticos e fluidoterapia, recuperou, e suspeitando tratar-se de uma fêmea no início da sua vida adulta, a sua devolução foi ainda mais significativa, já que poderá agora contribuir para a conservação da sua espécie, tendo em conta a baixa taxa de sobrevivência das tartarugas marinhas (cerca de 1 em cada 1000 chegam à idade adulta);
  • Veggie, uma jovem tartaruga-verde (*Chelonia mydas*), foi encontrada por pescadores, presa em redes de pesca no dia 12 de junho, com feridas nas barbatanas. Após tratamento para a doença da descompressão e infeção, esta tartaruga, pertencente a uma espécie ameaçada segundo a lista vermelha da IUCN, está finalmente pronta para voltar ao oceano.


A Devolução ao Mar:

A devolução destas tartarugas foi realizada com grande entusiasmo e coordenação, marcando um momento crucial para a conservação marinha. Equipadas com anilhas nas barbatanas e microchips de identificação, estas tartarugas poderão ser monitorizadas em futuras observações. O ato simbólico e científico de devolução ao mar é o culminar de meses de trabalho de equipas dedicadas, envolvendo o Porto d’Abrigo do Zoomarine, o ICNF, a Marinha Portuguesa, AIMM Portugal, Autoridade Marítima Nacional e outras entidades ligadas ao estudo e proteção da vida marinha.

Este tipo de ação é essencial para a preservação das espécies marinhas, cujas populações têm vindo a diminuir de forma alarmante. Cada devolução representa não apenas a libertação de um animal curado, mas também uma vitória para a biodiversidade dos oceanos e um reforço da esperança na recuperação das espécies ameaçadas.

 

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